Culturalmente entristecida
Hoje não me apetece falar sobre trabalho.
Perdi aqui cerca de 1h da minha vida para chegar à conclusão de que o interior tem pouco ou nada a oferecer no que diz respeito à cultura.
Venho da metrópole. Tinha uma vidinha culturalmente bastante interessante (embora andasse quase sempre à procura das borlas porque o $$ não era muito) e atarefada.
Aqui... e atenção que vivo numa capital de distrito... fui algumas vezes ao teatro e pouco mais. E ao cinema claro. Mas até isso é triste.. Há filmes que nem chegam à sala de cinema mais próxima da minha casa.
Senti-me entristecida com isto. As pessoas que vivem no interior não têm direito a mais oferta cultural? Tipo, teatros, concertos, exposições... Cenas!
Há muita juventude por aqui, malta que vem estudar, outros que não estudam mas ficaram por cá. Será que sou a única a sentir falta de mais atividade?
Após as 20h já não há quase nada aberto, a não ser as tascas pouco bem frequentadas. As melhores peças de teatro nunca chegam cá (devem ficar presas ali em vendas novas a comer bifanas).
Enfim, hoje estou numa de lamúrias. Tenho muitas saudades da vida que tinha antes. Andava sempre muito ocupada, tinha sempre o que fazer com amigos e até mesmo sozinha. Aqui... a minha vida resume-se a pouco mais que o meu companheiro. A pessoa começa a estagnar mentalmente, e confesso que morro de medo disso.
Penso muitas vezes nesta decisão de ter vindo para cá. Se eu estava lá tão bem, por que não me deixei estar?! É o problema do amor, cega. E eu ceguei e vim. Embora tenha vindo com a consciência de que me ia arrepender. Não por ele, mas pela minha individualidade.
O ideal seria ter ficado por onde estava e ele ter ficado lá comigo. Teria sido perfeito. Mas as condições não o permitiram e cá estamos nós de trapos juntos.
Mas já comecei a distanciar-me do objeto.
A minha dor prende-se com esta falta de apreço pelas regiões do interior. Pela falta de atividades que se proporciona às pessoas. Zonas tão envelhecidas mas com tanto potencial para atrair mais juventude. Só falta dar razões às pessoas para quererem vir viver para cá. Terem vontade de se fixar fora das grandes cidades.
Enfim. É o que temos. Mas espero que um dia mude. Agora tenho de ir estender a roupa, que a máquina acabou de lavar e há que aproveitar o dia de sol que hoje amanheceu.
Cuidem-se.